Insanidade Coletiva

 Por Fábio Seabra

Eu fico estarrecido com esse momento social e político pelo qual estamos passando. Um retrocesso sociocultural sem precedentes, onde aquele que se diz ser humano faz do seu semelhante o viés para seus preconceitos e discriminações infundadas. Não possuem a capacidade de perceber que somos todos iguais em nossas diferenças e isso confere a todos, independente de raça, cor, credo, orientação sexual, diferenças de gênero, diferenças estéticas, e tantos outros quesitos, os direitos básicos de viverem com dignidade e sendo respeitados como cidadãos e, acima de qualquer coisa, como seres humanos.

Hoje, 04/12/2020, recebi de minha redatora e produtora Conceição Gomes uma matéria mostrando o conluio pela internet entre um grupo de lutadores de Jiu-jítsu do Rio de Janeiro para atacar, agredir e humilhar homossexuais. E me perguntei: onde estão as autoridades? Que ações efetivas estão sendo tomadas para inibir e acionar judicialmente os integrantes desse nefasto grupo de agressores desprovidos de inteligência emocional? Onde estão as pessoas que se dizem religiosas e que querem a igualdade humana? Cadê os órgãos sociais para orientar e conduzir essa pequena massa que causa dores irreparáveis a outras vidas humanas?

Até quando a humanidade estará exposta e esses tipos de marginais enrustidos e sociopatas? Quando pensamos ter havido uma melhora na sociedade, seres intelectualmente e espiritualmente inferiores ganham destaque na mídia.

Que nojo desse governo corrompido e débil que favorece, E MUITO, a essas atitudes nefastas.

Triste por ser obrigado a perceber que, em pleno século XXI e em meio a uma pandemia, está claro que nossas prerrogativas individuais não são nada diante das prerrogativas coletivas e que TODOS estamos à mercê de algo muito maior que atinge a todas as camadas sociais, todos os gêneros, todas as raças, todas as cores, todos os estereotipados, todos os enrustidos, todos os religiosos de qualquer crença (e não religiosos, também), todos os viventes desse planeta de forma indiscriminada, que é o vírus da reflexão: o COVID-19. Por que ainda se pratica e se incentiva a desigualdade?

Na maioria das vezes, se valem das palavras de um livro sagrado já manipulado, alterado e distorcido desde o século IV (e, hoje em dia, com muito mais propriedade dada por um governo irresponsável e desumano, que visa a popularidade e valoriza os meandros políticos manipuladores a angariação de votos e mantendo o “gado” sobre controle).

Não sou de esquerda, direita, centro ou partidário de nenhum tipo de formato político, mas sou, SIM, a favor do respeito, empatia, dignidade, cidadania, que possuem por direito todo e qualquer cidadão na condição humana.

Me pergunto: que objetivo há em pessoas como essas que desagregam, insuflam e manipulam em benefício próprio ou de seus aliados alienados?

Vejo essas criaturas como ínfimos seres que estagnaram no processo evolutivo e que não se percebem como párias da humanidade.

Há tempos observo uma mudança de atitudes onde se possui mais “liberdades”, onde os meios e veículos de comunicação dão mais abertura para as diferenças, objetivando a igualdade. Porém, considero ainda muito pouco e, às vezes, chego até a pensar que esse fato colaborou para a disseminação da violência e do alimento ao preconceito, mas, depois paro e reflito: que nada! Tudo isso já estava lá de forma velada e que, em doses homeopáticas, causavam tanto mal quanto o que estamos vivendo atualmente, só que não sabíamos. É importante, sim, que haja divulgação das atrocidades através das lutas políticas da classe artística e jornalística, a fim de eliminarmos os focos de intolerância, sejam eles quais forem. Como já disse alguém por aí: “não preciso que me tolerem, eu exijo é que me RESPEITEM”.

Enquanto isso, vamos ficando cada vez mais vulneráveis e doentes do corpo, mente e espírito.

Gostaria de entender essa doença da discriminação afim de poder, de alguma forma, ajudar a essas pequenas criaturas a se curarem e a encontrarem a paz.

Talvez se esses rapazes do grupo de Jiu-jítsu soltassem a DIVA que existe em cada um deles e se conhecessem melhor, veriam que somos todos iguais através das diferenças e se tornariam seres mais evoluídos e de bem com a humanidade e com eles mesmos.

Mas, enquanto isso não acontece, vamos expressando nossa indignação e solidariedade àqueles que sofrem com a dor de não poderem expressar suas verdadeiras identidades e identificações por causa de uma minoria, devastadora, de ignorantes preconceituosos.

Bom... é esse o meu desabafo.

Você não precisa ser HOMOSSEXUAL para fazer parte dessa luta que visa a igualdade e a evolução de todos como sociedade.

Você não precisa ser PRETO, VERMELHO, AMARELO, PARDO

OU BRANCO; GORDO, MAGRO, ATLÉTICO OU RAQUÍTICO;

Você não precisa ser um RELIGIOSO DE MATRIZ AFRICANA, ABRAÂMICA, HINDU, CATÓLICA, PROTESTANTE, EVANGÉLICA, BHUDISTA, JUDAICA, ... para fazer parte dessa luta que visa a igualdade e a evolução de todos como sociedade.

VOCÊ SÓ PRECISA ser coerente com o significado da máxima cristã que diz:

AMAR AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Fábio Seabra é Designer, formado em Marketing e pós-graduado em Gestão de Pessoas. 

fabio.seabra@lwmail.com.br