Converse com a gente ...

Equipe

A Luta por uma Identidade - Phill Araújo

Postado em 20/01/2017


A Luta por uma Identidade

Por Phill Araújo



21ª Parada do Orgulho LGBT - Copacabana/Rio/Brasil
O ano de 2016 foi marcado por grandes momentos de conturbações e lutas.  Lutas por ideais e sonhos, lutas que derrubaram pessoas do poder, lutas que colocaram outros no poder. No entanto, também foi marcado por perdas. Perdas de familiares, perda de dignidade... enfim, isso foi um pouco de 2016.



Quando se fala de luta, uma das mais notórias, que ainda está em caminho de aprovação, é a do movimento LGBT do Rio. Luta essa que ganhou destaque no domingo, 11/12, em Copacabana, onde aconteceu a 21ª Parada do Orgulho LGBT Rio, promovida pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, sob o lema: “Eu sou minha identidade de gênero”. O evento contou com presença de vários militantes da causa, entre eles Jane Di Castro, a homenageada e cantora do hino nacional há 10 anos na parada, e presença de artistas como Ludmila, King e Alexxa. A parada desse ano foi em prol da aprovação da Lei João Nery PL 5002/13 – Lei de Identidade de Gênero, que visa dar à população trans o reconhecimento à sua identidade de gênero, permitindo assim que possam mudar seus nomes e serem tratados como se sentem. Sobre a lei...

Em seu artigo 2º a lei diz: "Entende-se por identidade de gênero a vivência interna e individual do gênero tal como cada pessoa o sente, a qual pode corresponder ou não com o sexo atribuído após o nascimento, incluindo a vivência pessoal do corpo.Parágrafo único: O exercício do direito à identidade de gênero pode envolver a modificação da aparência ou da função corporal através de meios farmacológicos, cirúrgicos ou de outra índole, desde que isso seja livremente escolhido, e outras expressões de gênero, inclusive vestimenta, modo de fala e maneirismos.”

Marcelle Esteves (vice-presidente do Movimento LGBT), João W. Nery e Almir França (presidente do Movimento LGBT)
Quando indagado, João W. Nery, sobre o que representava ter um projeto de lei com seu nome, o mesmo diz ser um grande prêmio para toda sociedade, não só pra ele, “...essa lei é importantíssima pois vai dar cidadania aos transexuais, que não tem direito a nada, nem ao próprio nome..” Para ele, a medida permite a cada um ser o que realmente sente quanto a identidade de gênero, e ter um pouco  mais de dignidade.

Para Marcelle Esteves, vice-presidente do movimento LGBT, a Lei é um direito à vida. “...o tema da parada esse ano é clamor a toda sociedade: Deixem as travestis, as mulheres e homens trans viverem... pois, nós somos nossa identidade de gênero.”. Pra Marcelle, a sociedade não pode deixar mais que essas pessoas morram por conta do ódio, fundamentalismo e conservadorismo. Além disso, que tenham o direito de usar não só o nome social, e sim, o civil.
Segundo o presidente do movimento LGBT, Almir França: “Desde a primeira caminhada em 1993, a luta de hoje é maior e árdua, pois a luta hoje gira em torno do campo do conhecimento, e houve um retrocesso na cultura.” Quando indagado sobre a diferença de Orientação sexual e identidade de gênero, o mesmo explicou que: ” ...orientação fala da pratica e desejo, já identidade, fala do sujeito,  da aparência, fala do que com ele se identifica... identidade é sua aparência e aquilo com o que você se identifica, não aquilo que o outro acha que você esta identificado..”

O diretor sociocultural Julio Moreira diz que o LGBT está sempre atrelado à cultura, e que o movimento carioca foi o maior provocador ao Ministério da Cultura para o reconhecimento das Paradas como produto cultural, valorizando assim os shows de travestis, transformistas e drag queens, e que também hoje possuem editais de fomento para investir no movimento.“... os LGBTs sempre fizeram parte da coxia, hoje somos protagonistas dessa história...”.
A luta dos militantes do movimento LGBT existe há anos, desde a ditadura. Muitos foram os açoites e represálias. Quando abordada a respeito do assunto, Jane di Castro fala que sofreu muito e que muitas das vezes os militantes sofriam por sair usando trajes femininos. Jane, que se considera uma das pioneiras, lembra que nos anos 60 enfrentava a polícia por se travestir não só no palco, mas também nas ruas: “...naquela época nós nadávamos contra a maré.”. Hoje ela vê um avanço no que tange à aceitação. “... que bom que seu morrer amanhã vou ver meu Brasil respeitando mais a nossa classe. Ainda falta muito, mas estamos conseguindo...”.
Ainda a respeito de militância, Lorna Washigton diz que a luta por identidade gênero continua sendo pesada, pois sempre na hora de deveres, o movimento LGBT tem que ser o primeiro, mas nos direitos é o ultimo: “...todo mundo mata um leão por dia pra viver, mas nós matamos dois: o do ‘preconceito  e da sobrevivência.  A luta pra nós nunca foi fácil, agora menos ainda, para que as pessoas possam ter sua identidade de gênero respeitada.”.  Lorna ainda cita que a luta também é por respeito pelas pessoas soro positivo, assim como pelo reconhecimento da identidade de gênero, para que as “pessoas trans” possam ser respeitadas pelo que elas são, e não pelo que acham que são.

A drag Núbia Pinheiro ressalta ainda que identidade de gênero é mais do que as pessoas podem julgar, pois é atitude, é vida. E o respeito e o direito devem ser levados a sério acima de tudo, para que possam ser o que realmente são.

Para quem quiser acompanhar o Projeto de Lei na Câmara, deixo o link: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=565315


Phill Araújo é Carioca; Assessor de Imprensa; Produtor Artístico e Estudante de Jornalismo.













Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aí!? O que vc tem a dizer sobre isso?