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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Fechando a Conta!

Para encerrar de vez o assunto CARNAVAL-2016 pedimos que alguns integrantes da nossa Equipe fizessem suas considerações finais sobre o tema. Seria apenas uma reunião de finalização de um trabalho, foram tão interessantes e surpreendentes as diferentes visões que resolvemos publicá-las para que voce, nosso fiel leitor, possa também se surpreender, concordar ou discordar totalmente com eles. Então, E aí o que voce tem a dizer sobre isso?!

Rogério Madruga - Produtor Artístico e Gestor de
Relacionamentos da Equipe E aí?!
Por Rogério Madruga
E quem pensava que as caravelas só trariam os portugueses, se enganou. Abriram as porteiras e não parou mais de aportar gente por aqui. Portugueses, espanhóis, , negros, orientais, sem contar os índios, donos da terra, que já habitavam essas paragens “abençoadas por Deus e bonitas por natureza. Mas, que beleza. Em fevereiro tem carnaval”, já dizia o poeta. E como tem! Se tem gringo no samba, no Rio de Janeiro, encantado com o requebrado da mulata, por esses rincões afora tem gringo fazendo carnaval e tem branca mexendo o bumbum tal qual as preferidas do Lan.
Após viver e vivenciar o carnaval carioca estive pelo Sul, além de Ijurerê Mirim, e me embrenhei pelos interiores de Santa Catarina, aportando em uma cidade chamada Joaçaba. Peculiar localidade. Atravessei uma ponte, se torna Herval d´Oeste. Duas em uma? Vai entender...
Pois bem, lá cheguei para viver o “carnaval” fora do Rio. E não pensem em batuques sem ritmo ou folia de gringos. Ao contrário, um espetáculo verdadeiro, com direito a Liga de Escolas de Samba, julgadores, quesitos e tudo mais, nada devendo aos padrões cariocas. Por sinal, mais claros... Mas, deixemos quieto.
E o que mais impressiona? É um carnaval feito por alemães, italianos, russos, austríacos, ou seja, um bando de gente que na cor da pele ainda é branca, os olhos, em sua maioria, de tonalidade clara, cabelos loiros, mas, acreditem, com alma miscigenada de negros, de índios, de Brasil.
E não dançam ritmos europeus, não. É o bom, velho e tradicional samba, cantado com emoção, garra e amor. Defendem seus pavilhões como qualquer apaixonado por Mangueira, Portela ou Salgueiro. Consideram as escolas de samba do Rio de Janeiro como fonte de inspiração. Todavia, não ficam a dever a estas últimas em espetáculo.
Aliança, Unidos do Herval, Valesamba e Acadêmicos do Grande Vale encheram a passarela de cores, ritmos, empolgação e muito samba no pé. O conhecedor do carnaval carioca há de notar uma diferença na cadência da bateria, mas é samba. Tem repique, surdo, tamborim e, pasmem, até agogô. Tem baiana, feijoada, porta bandeira e passista, branca na pele, colorida não só na fantasia, mas, na alma.
A influência do negro na região sul foi menor que no sudeste e nordeste. Contudo, a alma desse país tão plural, também se miscigenou nos pampas. Se não tão mestiços na cor da pele, o são de coração, alma e sentimento. Se não encontramos Silvas, Souzas, Moreiras tão sambistas, temos Pozzebons, Fetts, Nodaris, Giacommettis, dedicados a essa cultura tão única, tão nossa, exclusiva, porém não excludente, que é a cultura brasileira, de matriz indígena, branca e negra.
E que mais posso dizer se não, Salve o Samba, Salve o Carnaval, Salve o Povo Brasileiro, de tantos nomes, cores, saberes, dizeres e fazeres. Brasil Mostra Tua Cara!


Paulo César Alcântara - Produtor Cultural da Equipe
E aí?!
Por Paulo César Alcântara   
Preocupação é a palavra que define o que sinto a cada carnaval que passa na Marquês de Sapucaí e sugiro que os organizadores repensem e reformulem muito bem essa gestão desastrosa que resulta no afastamento da massa amante de verdade do carnaval, pois esse embranquecimento gradativo e imposto, talvez por imposição da mídia que controla horário de começar a transmitir e se possível, até mesmo impedindo que volte a ter 14 escolas, duas subindo e duas descendo. Pensaram nisso? Quem são os convidados, VIP”s e celebridades que enchem os camarotes dos patrocinadores de costa para pista porque estão dançando outro gênero musical, logo no carnaval? Sim, camarotes lotados de gente que não sabemos de onde, apenas que nos olham passando com ar de quem estão assistindo de perto animais em jaulas passando de uma baia para outra.
Lamentável as inúmeras reclamações de escolas ofendendo umas as outras e apontando culpados, mostrando assim que sabem que não há lisura no resultado. Lavar roupa suja na imprensa é um ato de desprezo aos organizadores que não se defendem com provas concretas e ainda deixam sem justificativa o real motivo do afastamento do julgador e mais uma vez, de novo, julgador esquece de dar nota. Foi ali fazer o quê a pessoa selecionada a dedo, não é verdade?
Visto isso, vamos aos diversos estranhos jamais vistos por nós sambistas trafegando na Marques como se já desfilassem anos no carnaval carioca, quando na verdade buscam o palco de momo para gerar matéria, e ainda tem gente que fotografa, dá força para que artistas queiram e até paguem para ser enredo, torna-se rainha de bateria, deixando do lado de fora do desfile a velha guarda como já aconteceu algum tempo, lembram? Por isso, vamos repensar no que somos, o que fazemos e o que queremos para nossa festa, sim, a festa é nossa, eu sou popular, eu ensaiei por anos varando a madrugada com chuva ou frio, com sono ou com fome coreografias, a comunidade que eu presencio anualmente gritando para dar ponto na harmonia, empolgadas para não comprometer a evolução, gastando dinheiro de passagem, lanche, água, tempo e desgaste físico com a promessa de ganhar a fantasia, será? Pois o prazo de trinta dias após o desfile é dado para a devolução da fantasia. Engraçado, a massa conhece as regras, conhece o samba enredo, e faz o tapete, mas me entristece porque é feito o tapete para os famosos pisarem, e nós aqui embaixo rindo e aceitando.
Acho que vou voltar para Intendente Magalhães, onde o carnaval é de verdade, as pessoas são de verdade e a festa realmente é popular.


Conceição Gomes - Jornalista e Redatora da Equipe
E aí?! - Fotógrafo Pedro Mattos
Por Conceição Gomes
Fazendo as últimas considerações sobre o carnaval, cheguei a um resultado positivo para os espectadores e profissionais do meio. Independente das notas dos jurados as agremiações proporcionaram um belo espetáculo, comprovou-se na avenida o grande número de profissionais qualificados que temos no segmento ARTE. O Sambódromo é a nossa Broadway, em Nova York é na Broadway que se reúnem os melhores profissionais em todos os segmentos artísticos do mundo, e não está resumido apenas em atores, bailarinos, cantores etc., neste quadro incluem-se também costureiras, carpinteiros, ferreiros, aderecistas, cenógrafos e etc.
Nestes tempos de crise é gratificante e esperançoso ter a certeza de que temos uma farta mão-de-obra qualificada, que a nossa capacidade de transformar o lixo em luxo, misturar mundos paralelos em uma realidade fictícia (Dom Quixote de Alexandre Louzada na Mocidade) e contar a nossa história usando e abusando de muita licença poética e religiosa é digno de muitos APLAUSOS.
Outro ponto que observei foi a cobertura de nossa imprensa. Temos um grande número de profissionais de segmentos diferentes e cada um no seu quadrado tentando obter o melhor ângulo de fotos, a melhor entrevista, a melhor imagem... #sóquenão. O que vimos foi muita gente dando ‘carteirada’ sem a menor qualificação, especulação de imagens para ganhar ‘views’ e muita entrevista sem conteúdo. Uma lástima! Mas, é claro, que entre estes ‘coleguinhas’ tinha também excelentes profissionais que fizeram um trabalho de qualidade, visualização e conteúdo de grande apuro e qualificação. O que me leva a um assunto muito abordado durante e pós-carnaval, a transmissão exclusiva da Rede GLOBO.
Em junho de 2015, no Carnavália-Sambacon realizado no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova/RJ, durante uma mesa debatedora entre carnavalescos que reclamavam exatamente sobre isso, o Sr.Jorge Castanheira, presidente da LIESA, disse que estava disponível para uma conversação sobre o assunto (maiores detalhes sobre essa conversa releiam no texto “A Economia do Carnaval” postado em 09/07/15).
Bom, pelo o que aconteceu parece que as reclamações pararam por ali e nada foi feito. Pena, porque me parece ter uma solução fácil para esse entrave. A Globo tem sua grade e seus patrocinadores/anunciantes e quer adequar tudo a sua conveniência, hipocrisias a parte, comercialmente ela está certa. O Rio tem um canal estatal, que é a TV Brasil, antiga TVE (Canal 2), que fez a transmissão do desfile das Campeãs, a qualidade não é a mesma que a da TV Globo, isto é um fato incontestável, mas, e ao mesmo tempo, um fator que pode ser usado a favor ao direito de transmissão compartilhada. Seria uma transmissão sem dualidade entre as redes no quesito patrocínio/anunciante, a possibilidade de se transmitir o desfile na íntegra e o telespectador ganharia a opção de assistir pelo canal de sua preferência. Eu voto e torço para que LIESA/LIERJ/GLOBO/BRASIL/ESCOLAS/CARNAVALESCOS e quem mais puder intervir, percebam que é uma boa solução para todos que a TV Brasil transmita também os Desfiles Oficiais das Escolas de Samba em 2017.

Ah! E só pra fechar, outra observação que já tinha comentado em outro texto: Foi o ano do DOURADO, todas as escolas tinham alas ou setores inteiros dourados, aff!! O sooollll há de brilhar mais uma veezzz...  


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