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quinta-feira, 9 de julho de 2015

A Economia do Carnaval

         De 18 a 20 de junho aconteceu no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade
Fotógrafo Pedro Mattos
Nova, a 2ª Feira de Negócios do Carnaval (CARNAVÁLIA) e o 2º Encontro Nacional do Samba (SAMBACON). O Carnavália tinha o intuito de reunir a cadeia produtiva do carnaval em uma feira e tornar conhecidos os fornecedores e profissionais que atuam na área, proporcionando a lei da Oferta e da Procura em negócios rentáveis na esfera de milhões de reais, e o Sambacon o de promover debates e palestras sobre temas artísticos, infraestrutura e modelos de gestão. Pelo que vi da organização do evento e o fluxo de pessoas, acredito que foi um sucesso, e que para o próximo ano a quantidade de expositores e visitantes vai superar e muito os 25% de acréscimo deste ano em relação ao ano passado.
         No primeiro dia, a mesa de abertura contava com as presenças de: Jorge Luiz Castanheira, Presidente da LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba); Rita Fernandes, Presidente da SEBASTIANA (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro); Guilherme Rosa Varella, representante da Secretaria de Cultura de São Paulo; e Dulce Ângela Procópio, Subsecretária de Estado de Comércio e Serviços representando o Governador Luiz Pezão. Vou parar por aqui, não que o restante da mesa não tenha o valor e reconhecimento necessário para minha deferência, mas sim, porque essas pessoas citadas foram os personagens de uma ‘saia justa’ durante o debate.
         Enquanto Rita Fernandes defendia, que o carnaval tem que ser reconhecido de fato e direito como um setor altamente produtivo para a economia do país, e Guilherme Rosa Varella endossava esse discurso, acrescentando que há de se criar políticas públicas voltadas para esse setor, podendo assim qualificar a discussão sobre carnaval e promover parcerias significativas para o setor com a aquiescência e reconhecimento dos Governos Municipal, Estadual e Federal. Foi aí então que a Subsecretária de Comércio e Serviços, Dulce Ângela Procópio, afirmou em seu discurso utópico que ‘já existe uma parceria do governo estadual em prol da economia do carnaval’, o que provocou reações físicas de espanto nos outros convidados, e um burburinho na plateia. Ficou claro que ainda há muitas lacunas a serem preenchidas sobre o assunto para que algo de fato seja feito, em prol dessa indústria que gera milhões de reais e poderia ser uma saída econômica para o país.
         O que me leva a comentar sobre o assunto da mesa “O Carnaval como Gerador de Negócios” no último dia da feira, a mesa composta por César Vasquez do SEBRAE-RJ; Ronaldo Darzi da Casa Pinto; Fernando Nicory da Magma Ind.Com.Têxtil; Luís Pinheiro Junior do Palácio dos Cristais e José Antônio Rodrigues da Revista Plumas&Paetês Cultural. A discussão ficou basicamente na reclamação de donos de ateliers e outros fornecedores do ‘calote’ das agremiações, sugerindo que a LIESA, LIERJ, RIOTUR, Secretarias Municipais e Estaduais reúnam-se e descubram uma forma de ajudar as agremiações a se organizarem administrativa e economicamente para que esse ‘calote’ faça parte do passado da folia, uma sugestão proposta por alguns da platéia foi a da criação de um cartão de crédito para as agremiações, quando acabasse o limite deste crédito as agremiações seriam impedidas de continuarem comprando, evitando assim o ‘calote’. Chegaram a apontar a escola de samba São Clemente como a única a pagar em dia, e as vezes até, antecipadamente. Como um assunto leva a outro, falando de São Clemente, chegamos à última mesa de debates “O Espetáculo que se Renova”, mesa esta composta por Kaxitu Ricardo Campos, Presidente da UESP (União das Escolas de Samba Paulistanas); Fabiana Amorim e Bruno Tenório, representantes da Unidos da Tijuca; os carnavalescos, Cahê Rodrigues (Imperatriz Leopoldinense); Paulo Barros (Portela); Rosa Magalhães (São Clemente) e Renato Lage (Salgueiro); e como mediador o radialista Robson Aldir.
         Aqui a discussão ficou em torno dos patrocínios, e o clima esquentou quando Paulo Barros disse que o grande e único patrocinador que realmente atrapalha é a Rede Globo de Televisão. Sugeriu, e contou com o apoio dos outros carnavalescos presentes, que a Globo permitisse que no início do desfile de cada agremiação quando aparecem na transmissão os créditos com os dados: Enredo, Intérpretes, Alas, Presidente, Carnavalesco e etc, fossem incluídos também os logos dos patrocinadores da Escola de Samba em questão. Neste momento Jorge Castanheira, Presidente da LIESA, que estava na platéia, pegou o microfone e passou um ‘pito’ (pelo menos foi o que me pareceu) na mesa debatedora, argumentou que tirassem a Globo do papel de vilã da história e a colocasse como parceira do espetáculo, disse que as reuniões com a transmissora elevaram e muito o valor de arrecadação dos direitos de imagens, e que não esquecessem que a transmissora também tinha seus patrocinadores. E mais, disse que a LIESA está à disposição dos carnavalescos e dirigentes das agremiações, para conversações e juntos apresentarem sugestões e indicações viáveis à protagonista das transmissões dos desfiles das escolas de samba. Os ânimos só não ficaram mais constrangedores, devido às intervenções bem humoradas de Rosa Magalhães com suas ‘joaninhas’ e ‘pé de mamão’ (risos) (vide o vídeo).

         Enfim, a discussão foi “babado”! Uma coisa ficou beeem clara, ainda há muito que se conversar sobre tudo do mundo do carnaval, porém, o melhor foi poder testemunhar a vontade de algumas pessoas para que esses debates realmente aconteçam e melhorias de fato se tornem reais, a presença de representantes dos carnavais de São Paulo, Minas Gerais, Porto Alegre, Bahia, Argentina (San Luis), Inglaterra (Londres) e Japão (Tóquio) foram determinantes para esta minha conclusão e para dar a certeza que muitas feiras e muitos encontros ainda terão. Vida longa ao Carnavália-Sambacon! Nossos sinceros agradecimentos a nossa parceira Revista BMGlobal, ao colaborador e amigo fotógrafo Pedro Mattos pelo convite e credencial, e ao colaborador e amigo Produtor Cultural Paulo César Alcântara.