Converse com a gente ...

Equipe

sábado, 31 de janeiro de 2015

Barraco no Miss Amazonas 2015





O E aí?! não se caracteriza no ramo da 'fofoca', mas... ninguém é de ferro, rsrs, e um barraco inédito como esse em terras Tupiniquins... ah, gente! Não resistimos, sorry!

Na edição 2015 do concurso Miss Amazonas, que aconteceu ontem (30/01) em Manaus, a vice Sheislane Hayalla, arrancou a coroa da cabeça da campeã, Carol Toledo. A furiosa candidata à Miss Amazonas 2015, alegou em entrevista ao portal G1 que: "Simplesmente, em Manaus, é o dinheiro que manda e eu estou mostrando para o povo amazonense que o dinheiro não manda aqui. Ela não mereceu!". Já a eleita, preferiu se resguardar e não comentou sobre o barraco. Que babado, não?!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Deusa Soberana de Nilópolis Desfila na Passarela da Guiné

“... ao revisitar o sofrido continente africano, nossa proposta principal é mostrar que é possível sim ter esperança de que um povo massacrado, cansado e desiludido, seja capaz de renascer, aos poucos, com sonhos vigorosos, planos precisos e metas concretas; projetando uma nova África, ou uma nova perspectiva para a África, calcada no progresso propiciado pelo "ouro negro" e nos ideais de unidade, paz e justiça, reafirmados tal qual um mantra. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade, porque neste carnaval, os caminhos da África nos conduzem à Guiné Equatorial.”

O trecho acima faz parte da introdução do enredo de 2015 da G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis, enredo esse que recebeu a pomposa denominação "UM GRIÔ CONTA A HISTÓRIA: UM OLHAR SOBRE A ÁFRICA E O DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL. CAMINHEMOS SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE". A última frase faz menção ao hino nacional da Guiné, por isso, o E aí?! Foi atrás de informações que pudessem ajudar os leitores a saberem mais sobre esse país do Continente Africano, e descobrir suas semelhanças e diferenças com o nosso país. Brasil/Beija-Flor x/= Guiné Equatorial/África.
Bioko
A Guiné Equatorial, oficialmente República da Guiné Equatorial, é um país da África Ocidental, dividido em vários territórios descontínuos no Golfo da Guiné. Colonizados por Portugueses e Espanhóis, em 12 de Outubro de 1968 tornaram-se num país independente da Espanha.Está dividida administrativamente em sete províncias, entre parênteses suas respectivas capitais: Ano Bom (San Antonio de Palé), Bioko Norte (Malabo), Bioko Sur (Luba), Centro Sur (Evinayong), Kie Ntem (Ebebiyin), Litoral (Bata), Wele Nzas (Mongomo).   É o único país da África de língua oficial castelhana. Os idiomas mais falados são o fang e o Pidgin Inglês, que não são línguas oficiais. Apesar de a Guiné Equatorial ter decretado a língua francesa como língua oficial, ela não é falada no território. No entanto, na ilha de Ano Bom ainda se usa o chamado Fá d'Ambô, ou seja, o Falar de Ano Bom, uma língua crioula de base portuguesa. 
Malabo
O país segue o regime de República Semipresidencialista onde o presidente, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, divide a responsabilidade do governo com o Primeiro-Ministro, Vicente Ehate Tomi. O presidente decretou que o português seria uma das línguas oficiais, ao lado do espanhol e do francês, para isso o país precisava do apoio dos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, para difundir o ensino da língua portuguesa no país, e na formação profissional e acolhimento dos seus estudantes pelos países da comunidade lusófona. Em Julho de 2012, a CPLP recusou o pedido da Guiné Equatorial em ser aceita como membro de pleno direito desta comunidade; as razões foram as denúncias de constantes violações dos direitos humanos no país. Porém, finalmente em 23 de julho de 2014, na X Cimeira da CPLP em Díli 1, capital de Timor-Leste, através de um consenso, o país foi aceito como membro de pleno direito, no entanto, terá que abolir a pena de morte.
Bata
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país medido em 2013 é de 0,556 ocupa o 144º lugar no ranking. A Guiné Equatorial tem uma população jovem (41,5% não supera os 15 anos) com uma taxa de natalidade por volta de 34,88 por mil e uma taxa de mortalidade de 8,81 por mil. A esperança de vida é de 61,75 anos para os homens e 63,78 para as mulheres. Cerca de 4,1% da população tem mais de 65 anos. A taxa de alfabetização entre os adultos estava em 1992 em 52%, mas chegou a 87% em 2011. A maioria da população ainda vive em zonas rurais. Em comparação com o Brasil que, O IDH subiu uma posição e superou a média da América Latina e Caribe. Com isso, o país ocupa o 79º lugar no ranking mundial com 187 países. O índice brasileiro é 0, 744 (O IDH mais alto é o da Noruega com 0, 944). A expectativa de vida dos brasileiros é de 73,9 anos; a média de escolaridade entre os adultos é de 7,2 anos; a expectativa de tempo de estudo é 15,2 anos; e a renda nacional per capita anual é de US$ 14.275 (cerca de R$ 37.390 com o câmbio atual). A principal riqueza da Guiné Equatorial é a agricultura e a pesca, com produtos como o algodão, café, cana de açúcar etc. Também depende do gado, da exportação de madeira e de minerais. Desde o fim do século XX, com a exportação de petróleo, a renda per capita tem aumentado espetacularmente (o atual presidente, Teodoro Obiang foi apontado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo), mas, mesmo com esse aumento da renda per capita o povo reclama e pede água potável, saúde pública, habitação humana e acessível, e grita o manifesto Cant not to 2015 na Guiné uma referência à Copa Africana de Nações que será realizada entre os dias 17 de janeiro e 08 de fevereiro de 2015 na Guiné Equatorial. Bem Brasil não é mesmo?!

1 - Declaração de Díli leia mais em http://timor-leste.gov.tl/?p=10386&n=1

Rogério Madruga
E falando em Brasil, a redação do E aí?! Entrevistou Rogério Madruga, artista plástico integrante da comissão de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis para sabermos mais detalhes sobre o enredo. 

E aí?! - O enredo de 2015 da Beija, “Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”, têm como fio condutor dessa história o que precisamente? A independência colonial, as riquezas minerais e naturais do país, ou, costumes e idiossincrasias que se co-relacionam com o Brasil, por exemplo.

RM - A Escola conta o renascimento e a auto valorização de um povo que se reconstrói. Um país colonizado e explorado por tantas nações no passado, que foi Porto exportador de carne escrava, passou por vários momentos difíceis, mas tem um povo que não se entrega, que é forte no sangue, na raça e na cor, guerreiro por natureza, de cores fortes, bravio.  Um povo que canta, dança, comemora, vibra, vive.  Povo esse que é base de formação de nossa cultura e por isso deve ser exaltado sempre.
E aí?! - Como nasceu e se firmou essa parceria (enredo) Beija-Flor x Guiné Equatorial? Existe paridade cultural nessa parceria?

RM - A Escola foi convidada a participar de um desfile na Guiné em Setembro passado pelo embaixador da Guiné no Brasil, um apaixonado pelo carnaval carioca e pela Beija Flor. Dessa visita às terras da Guiné surgiu o convite para contarmos a história do país, que tem grandes laços com o Brasil.

E aí?! - Como serão inseridos no contexto do enredo a Ceiba, a Taiba e o Balelé (árvore da vida, técnica específica para fazer esculturas e dança típica da Guiné)? Alas, adereços, composições ou setores?

RM - Dizer exatamente onde, é "destampar a panela antes da hora", mas estarão inseridos em todos os seguimentos da escola, do primeiro ao último setor.

Máscara Mortuária
E aí?! - Em que setor(es) sua arte será(ão) apresentada(s)?

RM - Meu trabalho em particular estará em todo o quarto setor, onde estão além das alas "normais", a Bateria, as passistas e a alegoria 4. No primeiro setor, a ala de Abertura da escola também é minha criação.

E aí?! - O que você ressaltaria como “Não Perca!” para os leitores do blog ‘E aí?!’ no desfile da Beija-Flor deste ano?

RM - O desfile todo da escola é imperdível.  É uma força, a raça de uma comunidade que abraça de corpo e alma sua agremiação. Mas vale pregar os olhos na apresentação de Selminha e Claudinho (Porta-Bandeira e Mestre-Sala) no quarto setor que é minha criação, claro.  Rsrs.



Pode acreditar, Rogério Madruga, que ficaremos de olho nestes destaques e comentaremos depois, é claro. 

"UM GRIÔ CONTA A HISTÓRIA: UM OLHAR SOBRE A 
ÁFRICA E O DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL. 
CAMINHEMOS SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE"

Autores: J.Velloso, Samir Trindade, Jr Beija-Flor, Marquinhos Beija-Flor, Gilberto Oliveira, Elson Ramires, Dílson Marimba e Silvio Romai
Participação Especial: Ribeirinho e Junior Trindade
Intérprete: Neguinho da Beija-Flor

Vem na batida do tambor
Voltar na memória de um griô
Fala cansada, mãos calejadas
Ouça menino Beija-Flor
Ceiba, árvore da vida
Raízes na verde imensidão
Na crença de tribos antigas
Força incorporada nesse chão
O invasor singrou o mar, partiu em busca de riquezas
E encontrou nesse lugar
Novas Índias, outras realezas
Destino trocado, tratado se faz
Marejam os olhos dos ancestrais

Nego canta, nego clama liberdade
Sinfonia das marés, saudade
Um africano rei que não perdeu a fé
Era meu irmão, filho da Guiné


Formosa, divina ilha testemunha dos grilhões
Eu vi a escravidão erguer nações
Mas a negritude se congraça
A chama da igualdade não se apaga
Olha a morena na roda e vem sambar
Na ginga do balelé, cores no ar
Dessa mistura vem o meu axé, canta Brasil, dança Guiné
Criança, levanta a cabeça e vai embora
O mar que trouxe a dor riqueza aflora
Tem uma família agora
Quem beija essa flor não chora

Sou negro na raça, no sangue e na cor
Um guerreiro Beija-Flor
Oh, minha deusa soberana
Resgata sua alma africana

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Estamos de Olho

     Começaram os ensaios dos blocos, os ensaios técnicos das Escolas de Samba, feriado do padroeiro da cidade, férias escolares, carnaval... tudo isso em meio a um caos silencioso que explode dos bueiros no Centro do Rio, e dos bueiros em Ipanema como refluxo das obras do metrô, balas perdidas que vitimam crianças, arrastões nas praias e bairros da cidade maravilhosa, gente querendo o 'apartheid' nas praias, apagões em pleno horário de verão (que foi criado para que exatamente isso não acontecesse), aumento do combustível, do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), PIS, Cofins... e como se não bastasse o maior museu de história natural da América Latina, o Museu Nacional, e não só ele, o Museu da República e o Museu do Primeiro Reinado (a casa da Marquesa de Santos) FECHADOS, por falta de verba para a manutenção dos espaços (públicos, ou seja, já estão pagos pelos impostos arrecadados) e os salários dos funcionários. Enquanto a EDUCAÇÃO não for tratada como prioridade pelos governos e exigido pela população à esses mesmos governos, tudo que aqui foi relatado se repetirá como os filmes da sessão da tarde. 
     O desabafo é para que em nenhum momento, nossos leitores pensem que o E aí? viaja e se embriaga nas festas momescas, e nessa orgia esquece-se da obrigação de todo veículo de comunicação (mesmo os pequenos como um blog) que é informar, questionar e posicionar-se perante ao que acontece a sua volta.


Como dissemos na abertura deste blog, este é um espaço para falar sobre qualquer assunto, e os amigos têm voz ativa aqui, por isso não poderíamos deixar de publicar esse comentário de Ronna Dias, amiga e parceira do E aí?!
"DENUNCIA. Gente... to passada... chamaram a guarda municipal para multar os carros que ficam parados na rua Almirante Alexandrino... 3 denuncias anonimas, de uma gente infeliz, covarde e sem noçao. Com tantos problemas no bairro, obra pra todo lado, nenhuma infra estrutura, calçadas esburacadas, postes rachados que colocam a vida dos mesmos denunciantes em risco, assaltos a luz do dia... pra isso ninguem chama a Prefeitura, ai liga para denunciar estacionamento irregular. E a prefeitura acata um pedido desses? Que gente e essa? Do lado de quem eles estao? Muita falta do que fazer. O Restaurante Aprazivel usa a rua como patio particular e ninguem multa, o Hotel Terese, tambem faz seu estacionamento particular na porta e num trecho ainda em obra, atrapalhando a via publica e ninguem multa, ai vem multar o morador/trabalhador comum? Todos sabem que o bairro por ser antigo, os predios em sua maioria nao possuem garagem forçando o morador a estacionar na rua e a ficar a merce dessa gente falsa, hipocrita e recalcada. Coloquem a mao na conciencia, pensem antes de fazer uma covardia dessas. A multa chega, mas a conta tambem. ‪#‎Prefeiturarj‬"
Repetiremos quantas vezes forem necessárias - Estamos de Olho! 

E Começa a Folia no E aí?!

     O país já está em ritmo de festa, e no Rio, Momo já é o dono do pedaço, obviamente o E aí?! não iria ficar de fora dessa folia. A partir de hoje, 20 de janeiro, sob as bençãos de São Sebastião, publicaremos tudo (que for possível e interessante) sobre CARNAVAL, a maior festa popular do mundo, não deixem de conferir também as datas e horários dos desfiles na nossa agenda. E pra começar ... vamos começar do início, é isso mesmo, pura redundância...

Tia Ciata


       A partir da segunda metade do século XIX, desembarca no Rio de Janeiro, ex-escravos vindos da Bahia, se aglomeraram na colônia baiana que Heitor dos Prazeres chamava de Mini-África, essa colônia ou Mini-África ficava entre a Praça Mauá e Pedra do Sal até a Cidade Nova. Os desdobramentos dos valores e linguagem da tradição dos orixás (Candomblé), no âmbito da cultura passam a chamar de Mundo do Samba, e assim não podemos deixar de citar Tia Ciata, Tia Bebiana e Hilário Jovino. Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, foi iniciada no Candomblé em Salvador, onde nasceu, filha de Oxum, migrou para o Rio de Janeiro, acompanhando a torrente de baianos que vinham nos navios erguendo a bandeira branca para sinalizar para a Pedra do Sal que estavam chegando.
      Tia Ciata teve quinze filhos, e os criou através de seus negócios de doces e aluguel de roupas. Dava muitas festas, o samba raiado, com mote e partido alto, o samba corrido, riscado nos pés, o samba de roda, que era constantemente perseguido pela polícia. Para conseguir promover essas reuniões, as baianas pediam licença à polícia para fazer um baile, um chá dançante, então se dava na sala da frente, o baile, nos fundos do quintal, o samba. Tia Ciata, cozinheira de mão-cheia da culinária afro-baiana, reunia à sua volta os melhores músicos negros da época. Outros Tios e Tias como: Amélia Silvana dos Santos, mãe de Ernesto dos Santos, o Donga; Perciliana Maria Constança, mãe de João Machado Guedes, o João da Baiana; Tia Sadata, da Pedra do Sal, que foi uma das fundadoras do rancho carnavalesco Rei de Ouro, juntamente com Hilário Jovino; Tia Gracinha, mulher do afamado Assumano Mina do Brasil, entre várias outras Tias, formaram essa ambiência cultural que marcaria definitivamente a identidade sócio-cultural do Estado do Rio de Janeiro.
       E foi nessa ambiência cultural que o samba atingiu as rádios, com Donga, e também as ruas, com os ranchos, que estimulou o maxixe, o choro, e o surgimento de nomes como, além dos já citados, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, Sinhô etc. A introdução dos ranchos no carnaval carioca foi invenção de Hilário Jovino Ferreira, Ogã do terreiro de João Alabá, ficando mais conhecido na época como Lalu de Ouro. A tradição dos ranchos ou pastoris do ciclo natalino, de origem baiana, tinha seu ponto alto na Lapinha, em São Domingos, onde residia Bebiana de Iansã; todos os ranchos iam cumprimentar Tia Bebiana na Lapinha. A partir do sucesso do Rei de Ouro, Hilário fundou diversos ranchos, como a Jardineira, Filhas de Laranjeiras, Reino das Magnólias, Riso Leal, Ameno Reseda e muitos outros. Embora os ranchos de carnaval, com o tempo, tenham alterado as características iniciais, Hilário nunca deixou de reverenciar Tia Bebiana. 
      Durante as primeiras décadas do século XX, os ranchos se destacavam no carnaval do Rio de Janeiro. Eles instituíram as figuras graciosas do mestre-sala e porta-estandarte. Com a proliferação dos ranchos no Rio, Tia Ciata recebeu de Miguel Pequeno, que era um dos que acolhiam em sua casa os baianos recém-chegados ao Rio, os papéis com licença da polícia para fundação do rancho Rosa Branca. Ela investia o que ganhava na expansão e desenvolvimento de sua comunidade, fortalecendo seus vínculos institucionais, da vida no santo e no trabalho, tanto que ela aceitou curar uma ferida crônica do Presidente da República, Wenceslau Brás, com seus conhecimentos das folhas, adquiridos no candomblé. Uma vez curado, o Presidente, em agradecimento, nomeou o marido de Tia Ciata para ocupar um posto no Gabinete do Chefe de Polícia. Esta nomeação e este contato com a Presidência permitiram que a casa de Tia Ciata e de outras Tias e Terreiros ficassem afastados das perseguições policiais. Comemorava as festas dos orixás em sua casa na Praça Onze, onde, depois da cerimônia religiosa, se armava o pagode. Partideira cantava com autoridade, respondendo o refrão nas festas que se desdobravam por dias, cuidando que as panelas fossem sempre requentadas e o samba nunca morresse. 
      A organização da instituição religiosa, os valores de sua hierarquização se multiplicavam no âmbito comunitário, propiciando a constituição dos ranchos. Os ranchos, no seu início, eram todos despreocupados de alegorias, isentos de luxo e apenas, isto sim, com suas baianas caprichosamente vestidas com saias bonitas e sandálias de fino acabamento. Baianas que, bem no ritmo, afinadas na marcação dos pandeiros, dos tamborins, dos ganzás, cantavam harmoniosamente. O extenso grupo familiar de Tia Ciata se organizava no rancho Rosa Branca, onde despontava como porta-estandarte, sua filha, Fátima, e, no bloco satírico O Macaco, fundado por Germano, seu genro, sua neta Licínia da Costa Jumbeba era a porta-estandarte, e o neto, Marinho, mestre-sala. Marinho também participava do rancho Recreio das Flores, onde se organizavam os trabalhadores da estiva, participantes da Companhia dos Pretos, depois denominada Resistência dos Trabalhadores em Trapiches de Café. O Recreio imprimiu aos ranchos a possibilidade de montar uma ópera ambulante. Assistindo óperas no Municipal, lendo clássicos da literatura e da mitologia grega, fez vários sucessos no carnaval, apresentando temas como Aída, de Verdi, Inferno e Paraíso, de Dante. E com histórias dos deuses do Olimpo, com fantasias luxuosas e feérica iluminação, através dos holofotes do cais, que obtinha licença para utilizar nos cortejos, o Recreio das Flores assim se destacava.
      Tia Ciata faleceu em 1920, e até hoje é lembrada e homenageada pelo mundo do samba e do candomblé, e a Ópera do Recreio das Flores, hoje, se transformou nos enredos das Escolas de Samba que podemos assistir na Marquês de Sapucaí no carnaval. Verdadeiros mágicos, os carnavalescos, artesãos e suas agremiações, nos dão o prazer de ver e/ou participar dessa grande Ópera Popular, se bem que hoje em dia, já não são mais tão populares no sentido econômico da questão, os ingressos para assistir os desfiles são bem caros, e as fantasias para desfilar também, porém, a marca da versatilidade genuína existente em nós brasileiros, nos fez revitalizar os blocos, diversão barata e que põe à prova toda nossa criatividade, nas fantasias, nas marchinhas e até nos nomes dos blocos. Então, que se faça a alegria e a magia.

Axé!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Ser Mestiço é Legal IV (Final)

            O objetivo deste estudo e pesquisa é reunir informações e dados, antes já realizados, por professores, antropólogos, sociólogos e estudiosos do tema, e as que serão inseridas por mim, principalmente no período pós-abolição -  segundo o Labhoi (Laboratório de História Oral e Imagem) da Universidade Federal Fluminense (UFF) existem várias lacunas a serem preenchidas em relação a pesquisas sobre o cotidiano dos negros neste período -, em uma compilação de fácil leitura e ilustrações dos grandes negros, brancos e amarelos que juntos, denominados Mestiços, contribuíram e ainda contribuem para o desenvolvimento do Brasil, a serem distribuídos em instituições de ensino e cultura para jovens do ensino fundamental e médio. “... São objetivos específicos do Plano Nacional... Promover o desenvolvimento de pesquisas e produção de materiais didáticos e paradidáticos que valorizem, nacional e regionalmente, a cultura afro-brasileira e a diversidade.” Trecho do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (pág.24).
                     Através de essa documentação ilustrativa expor aos nossos jovens e crianças que a mestiçagem não é uma degeneração, e sim, motivo de orgulho, provocá-los a debaterem o pluralismo. Os portugueses chamavam de barrocas as pedras irregulares, barrocas - as pérolas irregulares, excessivas, esquisitas e errôneas. O barroco é considerado o movimento da arte de crise, e dessa e com essa crise chegamos a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, um dos maiores representantes da arte plástica brasileira, filho de uma escrava com um mestre-de-obras português. Não fosse Castro Alves um mestiço, teríamos a beleza, a força e a dor nos versos de “Navio Negreiro”, que lhe concedeu o título de “O Poeta dos Escravos”? Quais seriam os percursos, se é que os existiriam, para fundar a Cia Rubens Barbot Teatro de Dança, se não fosse a coragem e o talento de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro? A trajetória de Abdias Nascimento como Deputado Federal e Senador da República, nos presenteia com o nosso atual Ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, Presidente do Supremo Tribunal Federal. Padre José Maurício Nunes Garcia, que teve como pais um alfaiate e uma filha de escravos, compositor brasileiro de música sacra que emocionou D. João VI, e com isso ganhou uma comenda do então príncipe, o que me faz acreditar que os príncipes têm excelente gosto musical, outro que também se rendeu a Terra Brasilis e seus encantos foi o príncipe Charles, da Inglaterra, quando, em 1978, em visita ao nosso país, não resistiu o charme e malemolência de Maria da Penha Ferreira, a Negra Pinah, passista da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, cena imortalizada na letra do samba da escola em 1983 “... Pinah, êêê Pinah, a cinderela negra que ao príncipe encantou, no carnaval com o seu esplendor...” Ops! O samba também é algo genuinamente brasileiro, exatamente porque é a junção de vários ritmos, e nem penso em discorrer sobre a nossa culinária agora, o parágrafo não terminaria nunca. Enfim, proporcionar material para que crianças, pré-adolescentes,  adolescentes e adultos negros, índios, afro-descendentes, brancos, amarelos e de todas as cores e crenças possam derrubar os muros da discriminação e conceitos primitivos e letais na construção de suas cidadanias.
            Pretendo que este estudo/pesquisa não passeie apenas no caráter relativo e dissertativo da história, espero que através de debates e conversas de campo (bem no estilo griot ²) com jovens de instituições acadêmicas e culturais, e, comunidades quilombolas e indígenas possa mapear o que, quem, como e em que elas se identificam e/ou necessitam saber da história do Brasil, para desenvolverem de fato sua cidadania, se sentirem de fato inseridos na sociedade, com abordagem principal na Região Sudeste do país. Expor e homenagear esses brasileiros que atuaram ou ainda atuam em diversas áreas, como na música, dança, pintura, literatura, nos três poderes, no teatro, cinema e TV, na medicina, no esporte, com grande maestria e saber. Proporcionar através desta compilação impressa e áudio book, material básico de estudo e pesquisa para montagens de peças teatrais, musicais, shows etc., todo produzido e encenado por jovens nestes espaços acadêmicos e culturais. Ainda, servir de base para debates e palestras em espaços como a FLIST (Festa Literária de Santa Teresa) e FLUPP (Festa Literária das UPP’s).
            Acredito que a informação clara e precisa seja um importante instrumento de desmistificação de momentos da história do Brasil, até bem pouco tempo divulgada e difundida nas escolas em material didático. Como exemplo, a Abolição da Escravatura, através da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel até então vista como heroína do povo escravizado, e que foi tão bem relatada por Mary Del Priore em “O Castelo de Papel”, lançado recentemente pela Editora Rocco, onde percebemos a queda da heroína e o surgimento de uma mulher comum mais preocupada com a vida doméstica. “... É importante que se diga que (a Abolição) foi um processo, que começou por volta de 1870. Foi uma longa luta, que envolveu escravos, descendentes de escravos, a mudança da mentalidade em todo o país. Nada disso se faz da noite pro dia, é um acúmulo de tendências que levou à assinatura de papel... Ela teve inúmeras oportunidades de se manifestar. Em Recife, foi recebida por um monte de abolicionistas, inclusive mulheres; era um movimento que poderia ter esposado ou, ao menos, demonstrado simpatia... Fica bem demonstrado, por meio de vários documentos e frases dela, que detestava a vida política. Havia uma incompatibilidade com o projeto que lhe atribuíam. Não achei frase dela que demonstrasse qualquer interesse pelo assunto. Estava mais preocupada com a vida familiar, as gravidezes.” Matéria “Isabel: Uma princesa avessa à política” de Roberta Jansen, sobre o livro “O Castelo de Papel” de Mary Del Priore, do Jornal O Globo, 12/05/2013, pág.05, Caderno Especial.
           Desmistificando, conhecendo a história de pensadores, autores, políticos, formadores de opinião, artistas e a sociedade no todo que ajudaram e ainda ajudam a construir esta nação, em um futuro próximo talvez possamos ouvir os versos da canção “Navio Negreiro/Escravos” de Toni Vargas, tão bem executada pelo grupo vocal Cia DáNoCoro – Música e Cena – “...Escravo negro, escravo branco, somos todos violentados pelos mesmos senhores, que nos humilham indiferentes a raça ou credo, e nos colocam uns contra os outros para que nos destruamos...” e esses sejam apenas versos de uma história literalmente deixada no passado e não retratos da vida real do nosso presente.

² Griot – Personagem importante na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função primordial é informar, educar e entreter. Um guardião da tradição oral do seu povo.

sábado, 17 de janeiro de 2015

NOVO no TvBar - Marcela Mangabeira

Aê galera, se liga no evento NOVO no TVBAR.






Onde : TVBAR – Av.N.Sra de Copacabana, 1417 Loja A
Quando : SEXTA-FEIRA 23 de Janeiro
Horário : 22h ( Abertura da casa às 21:30hs)

Preço : R$25
Cliente Clube Sócio R$20


Apoio : Vegê Gourmet - Congelados Naturais



Negritude!

Não tenho palavras para expressar o quão lindo e forte isso é, então ... vou apenas dividir com voces!


"Vendida no mercado de escravos como carga de baixo preço
Durante séculos fui estuprada e massacrada
Fui tratada como bicho, como objeto sexual
Para satisfazer os desejos mais sórdidos dos ditos "senhores".
Tive o bico dos seios arrancados, os olhos furados
as costas chicoteadas, os cabelos alisados,
a pele embranquecida, as tradições apagadas da memória.
Viva, viva!
A liberdade chegou,
linda ilusão que os brancos
Pregou!
Fui empurrada para os guetos e favelas,
Na podridão dos esgotos a céu aberto,
E muitas vezes arreganhei as pernas
e tirei das entranhas o pão de cada dia
Quando não!
Era dos lixos das madames que sobrevivia
De limpar pínicos dos barões de bosta
desta sociedade racista.
Negado o direito real de liberdade, de dignidade
E de sobrevivência
Fui atravessando os tempos resistindo
a todo tipo de atrocidades.
Busquei na memória ancestral
a negritude perdida, a cultura escondida
Pelos terroristas europeus.
Encrespei meus cabelos novamente e soltei!
Dancei aos som dos atabaques, chorei,
Saudei meus Orixás, Louvei!
E disse chega!
Chega!
Não alisarei mais meus cabelos crespos,
Quero sim cotas em tudo que tenho direito,
Vitimização não, isso é reparação!
Falarei dos tambores da mãe África
Louvarei meus Orixás,
divindades ancestrais que deram origem ao meu povo negro.
Usarei turbantes na cabeça,
Como símbolo da minha realeza.
Não aceitarei "piadas" racistas
Não serei objeto para seus desejos machistas e fetichistas
Não sou uma pessoa exótica, seu hipócrita!
Pois tudo que sou
Faz parte da minha identidade.
Me uno aos meus irmãos,
para que minha voz presa a muito tempo
Ecoe em cada canto.
Ecoe bem alto
E que ensurdeça os preconceituosos,
Sufoque as palavras das bocas racistas
E cada dia nosso grito emudecido
cresça, e seja mais alto
E que ela sempre exalte a nossa
NEGRITUDE!"


Pollyana Almië



Este poema foi tirado da página de Mãe Stella de Oxóssi no facebook.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ser Mestiço é Legal III - Continuação



       Não podemos fugir a nossa responsabilidade social em permitir segregações, dividir as etnias pode ser perigoso, movimentam-se em nosso Estado grupos neonazistas, pessoas que se vêem “puras” e acreditam que devam “eliminar” nordestinos, negros e homossexuais do convívio social. 
      “O mundo ocidental está se mesclando de tal forma que parece não haver mais a possibilidade de se encontrar indivíduos absolutamente ‘puros’ no sentido cultural, social, biológico e étnico. Porém, muitos sujeitos híbridos não têm consciência de sua mistura, imaginando-se ‘puros’ ou negando a própria composição, camuflando sua existência e, às vezes, colaborando com processos fanáticos de absolutismos religiosos e/ou étnicos. Por outro lado, a promoção de uma realidade mesclada, em que contrários coexistem, enfrentando suas diferenças, respeitando e não as anulando, evitando os fundamentalismos, parece ser uma perspectiva mais positiva e tolerável para a organização de todo o contínuo híbrido que as mais variadas sociedades vivenciam desde os primórdios de sua formação. 
      O hibridismo não é um fenômeno moderno, porém é profundamente reforçado e exposto com o advento da colonização e pós-colonização do globo. O híbrido tem por finalidade nomear algo ou alguém cuja formação é mista, derivada de fontes heterogêneas. Este termo passa a ser empregado fortemente nos estudos da cultura a partir dos deslocamentos e migrações acentuadas do século XX... O híbrido constitui a identidade do duplo, dinâmica, flexível e plurivocal em contraposição à concepção hierárquica da identidade pura, única, autêntica, univocal e uniforme que, além de infecunda, é anticomunitária... Atualmente, as metrópoles centralizadoras do poder passam a ser ‘invadidas’ por movimentos migratórios desenfreados com sujeitos advindos das mais diversas partes do planeta e, nesta fusão humana, o hibridismo cultural atinge seu ápice. É uma reviravolta histórica, resultante da frequente exploração das nações postas à margem em que, fatidicamente, o criador é ‘tomado’ por suas criaturas. 
     Não é mais uma questão de se investigar a proposta homogênea e unilateral imperialista, pois esta já não existe mais, é utópica e ilusória uma vez que somos todos sujeitos de comunidades híbridas e multiculturais. Mesmo diante dos projetos neo-imperialistas de alguns países, a pureza étnica, por exemplo, cai por terra. Revertendo o movimento do centro para a periferia que caracterizou a era colonial e fez das colônias ‘o local dos sincretismos e hibridismos’, os grandes ‘centros globais’ são agora internacionalizados e hibridizados neste novo momento histórico pós-(ou neo) colonial (COSER, 2005, p. 176)”. Trecho do texto “O Entre-Lugar na Literatura Regionalista: Articulando Nuanças Culturais” Leoné Astride Barzotto, págs. 23 e 24, 2010.

       Um país que tem a capacidade de agregar o diferente harmoniosamente, vide o Saara, maior comércio popular da cidade e estado do Rio de Janeiro, onde temos Árabes, Turcos, Asiáticos, Portugueses, Alemães e seus descendentes, todos dividindo o mesmo espaço e respeitando-se mutuamente, não pode ser uma nação degenerada, fadada ao fracasso. Digo respeitando-se mutuamente porque se não o fosse, teríamos aqui a nossa própria ‘Faixa de Gaza’. Exatamente por causa desse multicolorido e profusões de sabores e credos, que hoje somos as “It Girls” ou “O Cara” para o resto do mundo, estamos conquistando o respeito e admiração da Europa e EUA, coisa inimaginável até bem pouco tempo. E de um ponto de vista bem otimista, acredito que o Brasil possa vir a ser em futuro bem próximo, exemplo e exportador de “Bem Viver” baseado em “Vivendo e Convivendo com as Diferenças”. É fato que ainda estamos caminhando e ainda temos muitos quilômetros a percorrer para realmente fazermos parte do grupo de países desenvolvidos cultura e economicamente, e enquanto não tivermos de fato políticas públicas que acabem com as desigualdades e discriminações continuaremos estacionados no subdesenvolvimento, e, acredito, que um povo conhecedor e sabedor de suas raízes, com educação de qualidade para todos independente de cor, condição social e credo, está muito próximo deste desenvolvimento necessário e esperado por todo habitante deste planeta. 
    “O parecer procura oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afro descendente, no sentido de políticas de ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de reconhecimento e valorização de sua história, cultura, identidade. Trata, ele, de política curricular, fundada em dimensões históricas, sociais, antropológicas oriundas da realidade brasileira, e busca combater o racismo e as discriminações que atingem particularmente os negros. Nesta perspectiva, propõe à divulgação e produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial - descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos – para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada”. Trecho do texto sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana – Parecer nº 003/2004.

Falando em Mestiçagem ...

A loura mais negona que conheço. Parabéns Júlia Porto, mandou muito bem!



https://soundcloud.com/juliaporto/you-oughta-know

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Projeto 3


Como disse na abertura, este espaço estará sempre disponível para os amigos, então aproveito para divulgar esse projeto do meu amigo Rafael Lima. Enjoy yourself!







No mês de janeiro os novos nomes da MPB invadem a telinha do seu canal de diversão abrindo as noites de Sexta-feira sempre apresentando um som NOVO.
E na Primeira Edição Ana Sucha ,Rafael Lima Cantor e Lucas de Castro nos convidam a conhecer o projeto "3" ,onde os jovens cantores apresentam um repertório eclético que reúne canções de Cassia Eller, Gilberto Gil , Ana Carolina , Adriana Calcanhotto, Chico Buarque , além de canções autorais. Conheça um pouco do trabalho de cada um clicando nas páginas marcadas na descrição do evento.


Onde : TVBAR - Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1417 Lj A - Copacabana - RJ

Quando : SEXTA-FEIRA 16 de Janeiro 
Horário : 22h 

Preço : R$25
Cliente Clube Sócio R$20

domingo, 11 de janeiro de 2015

Demissão em MASSA no GLOBO

Lendo a matéria do site Conexão Jornalismo e o post de um amigo no facebook, fiquei sabendo da triste notícia que alguns colegas receberam nos últimos dias, segue abaixo a matéria do Conexão e a nota oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro sobre essa demissão em massa.



"O Jornal O Globo voltou a demitir em massa na sua redação no Rio. Embora poucos nomes até agora tenham sido divulgados há um pânico generalizado na redação porque os profissionais estão sendo avisados da demissão no instante em que chegam para trabalhar. Nos últimos dois anos aproximadamente 2 mil jornalistas de rádio, TV, jornais e assessorias perderam seus postos de trabalho em todo o Brasil.

No meio jornalístico o que se comenta é que o critério continua sendo o mesmo de tantas décadas: pessoas próximas à aposentadoria e com salários mais altos. Assim, a longevidade profissional que muitas vezes se confunde com a competência vira fator punitivo. O mesmo no que diz respeito às promoções. 
Além de repórteres, teria havido corte também na fotografia. E alguns cadernos como Morar Bem, Carro etc. e Boa Chance foram extintos."
Da Redação do site em 08/01/15
http://www.conexaojornalismo.com.br/colunas/cultura/novasmidias/o-globo-volta-a-demitir-jornalistas-67-36914


Nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro em repúdio às demissões em série na Infoglobo:
Otimização, revisão de processos, reestruturação. Eufemismos corporativos foram usados pela Infoglobo para justificar demissões em série de jornalistas de 'O Globo' nesta quinta-feira (08/01). Os cortes na redação causaram profunda indignação e comoção em toda a categoria dos jornalistas profissionais do Rio por enviar o claro recado de que trabalhadores são materiais descartáveis aos olhos de empresários ávidos por mais lucro. As demissões atingiram desde repórteres com pouco tempo de casa até 'medalhões' da imprensa carioca, como colunistas e jornalistas premiados. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia as demissões promovidas pela Infoglobo e coloca-se a disposição de todos os jornalistas dispensados.
Ao Sindicato, a empresa negou que esteja em crise e tratou as demissões como uma 'medida de otimização após a revisão de dos processos da empresa'. Essa revisão, ainda segundo a Infoglobo, 'constatou que haviam diferentes unidades produzindo o mesmo tipo de trabalho' e a necessidade de 'um modelo de convergência'. A explicação, fria, vaga e tecnicista, só demonstra o lamentável descaso da Infoglobo com profissionais que dedicaram anos de sua vida ao sustento e ao crescimento do jornal. Indignada, a nossa diretoria cobrará mais explicações da empresa em reunião marcada para o início da semana que vem.
Além da frieza cruel ao tratar da dispensa de profissionais com lastro no jornalismo, a Infoglobo ainda promoveu um verdadeiro clima de terror em suas redações ao não comunicar os demais trabalhadores sobre os cortes - que também atingem outras áreas da empresa. O nosso setor jurídico analisa possíveis irregularidades cometidas pela empresa durante as demissões. O Sindicato fará ainda a fiscalização cerrada sobre as homologações para que nenhum direito deixe de ser compensado a esses jornalistas. Hoje é um dia triste para o jornalismo brasileiro.


Lista de alguns dos profissionais demitidos:

Paulo Monteiro
José Figueiredo 
Fernanda da Escóssia - editora afastada da Nacional e repórter
Jorge Luiz Rodrigues - subeditor do Esporte foi para o SporTv
Débora Berlinck - correspondente
Paula Autran - repórter
Isabela Bastos - repórter
Agostinho Vieira - ex-diretor de redação
Alexandre Sassaki - fotografia
Simone Intrator - repórter
Laura Antunes - uma das mais antigas e brilhantes repórteres da casa
Lu Calaza - Caderno Morar Bem
Luiz Claudio Castro - editor de capa do site do Globo
Roberta Jansen - repórter de Ciência
Fernando Myragaia - repórter do suplemento Carro etc.
Jorge Antônio Barros - da coluna de Ancelmo Góis
E os diagramadores Claudio Rocha, o Rochinha e Telio Navega

sábado, 10 de janeiro de 2015

Navio Negreiro

Por 14 anos tive a honra e prazer de participar do grupo DáNoCoro, lembrando dele agora resolvi matar a saudade de uma das músicas que mais gostei e me emocionei em cantá-la, e quero dividir esse momento com voces.

http://www.danocoro.com.br





E mais DNC para o vosso deleite



Ser Mestiço é Legal II - Continuação

         O “darwinismo social” ou “teoria das raças”, pensamento social do século XVIII, determinava que: “... os mestiços exemplificavam a diferença fundamental entre as raças e personificavam a “degeneração” que poderia advir do cruzamento de “espécies diversas...” A idéia de que o mestiço, à semelhança da mula, não era fértil, teóricos deterministas advogavam interpretações opostas, lastimando a extrema fertilidade dessas populações que herdavam sempre as características mais negativas das raças em cruzamento. As raças humanas como “espécies diversas”, deveriam ver na hibridação um fenômeno a ser evitado... Ou seja, as raças constituiriam fenômenos finais, resultados imutáveis, sendo todo cruzamento, por princípio, entendido como erro, e compreender a mestiçagem como sinônimo de DEGENERAÇÃO NÃO SÓ RACIAL COMO SOCIAL, estabelecendo que existiria entre raças humanas a mesma distância encontrada entre o cavalo e o asno.” O Espetáculo das Raças, Schwarcz, Lilia Moritz, (1993) cap.02, pgs.56 e 58.

         Seguindo o raciocínio de comparações entre humanos e animais, vejamos que os primeiros exemplares de cavalo aparecem nas planícies africanas há quatro milhões de anos atrás. O cavalo árabe é a raça mais pura e antiga que existe e suas referências recuam há pelo menos 2.500 anos a.C.. Curiosidades sobre ele remontam ao seu tipo físico “atípico” em relação a outras raças. Por exemplo, ele tem 17 costelas quando as outras têm 18; 05 ossos lombares as outras 06 e 16 vértebras quando o normal são 18.  A raça Puro Sangue é a mais rápida e uma das mais valiosas do mundo, conserva o registro genealógico das primeiras raças Inglesas e Irlandesas. A evolução da raça derivou no cruzamento de 03 garanhões orientais: O Byerly Turk, o Darley Arabian e o Godolphin Arabian. As características físicas do Puro Sangue são também bastante peculiares: seus rins são mais fortes dos que o de um cavalo normal, o que lhe proporciona mais potência no galope; as narinas são maiores que as de um cavalo normal, o que ajuda na oxigenação rápida e obviamente mais fôlego; as costas são longas e muito inclinadas o que permite passadas longas com pouco esforço. Para conhecer a idade de um cavalo faz-se a análise de sua dentadura. Bom, até aqui vimos que o cruzamento beneficiou os cavalos, dando-lhes melhor estrutura física e beleza, e quanto ao conhecimento de sua idade, o fiz propositalmente, já que os negros escravizados também eram avaliados por sua arcada dentária para saber de sua saúde e idade. Sobre as narinas também faço uma menção proposital, sendo isso uma das características físicas do estereótipo negro, e finalmente lembrando que os negros mais altos e fortes eram mais caros e separados para serem reprodutores, tais quais os 03 garanhões orientais.

         Passemos agora para o cruzamento especificamente humano brasileiro. Da chegada dos europeus em território brasileiro, estima-se que havia aqui cerca de 5.000.000 de índios nativos divididos em 04 tribos (Tupi-Guaranis, Tapuias, Aruaques e Caraíbas). Os portugueses dividiam os índios em dois grupos: os “mansos” e os “bravos”. Os mansos eram os aliados dos portugueses e os bravos se aliavam a outros europeus inimigos. A coroa portuguesa concedia vários benefícios e honrarias às lideranças indígenas, revelando assim uma “política indigenista” que era aplicada aos índios aldeados e aliados e outra aos considerados inimigos. Ambos de grande importância no processo de colonização fossem como mão-de-obra cativa ou como povoadores do território, participaram ativamente como guardiões das fronteiras e controladores dos escravos africanos, por sua exímia capacidade de seguir pistas; eram contratados pelos proprietários de engenho como capitães-do-mato. Pronto já temos a base de nossa “cruza”: Índios Nativos + Brancos Europeus + Negros Africanos, daí teremos: Branco + Índio = Mameluco ou Caboclo; Branco + Negro = Mulato e Índio + Negro = Cafuzo.

         Segundo o Censo e a Pnad/IBGE de 2011, a população brasileira está dividida em 47,8% de Brancos, 8,2% de Pretos, 43,1% de Pardos e 1% de Indígenas/Amarelos. Isso demonstra a negação e desconhecimento étnico do povo brasileiro sobre si mesmo, e do não entendimento entre os órgãos estatais e privados, representantes de políticas públicas, organizações e movimentos sociais em estabelecer o que é inegável, a miscigenação. Porque a mestiçagem ainda é negada? Qual o motivo de não se ter como opção de cor a terminologia Mestiço no Censo? Cada vez me convenço mais que o termo pardo é utilizado para mascarar o termo mestiçagem, que por muito tempo foi conceituada como degradação de uma espécie. Mas, hoje, em pleno século XXI, continuarmos com esse conceito e pré-conceito étnico no Brasil, é dar um novo nome, uma nova denominação a “raça” e conseqüentemente ao “racismo”.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Sinais





 Enfim 2015 chegou, e nada melhor pra começar um ano do que a reflexão do passado, revirando meus documentos no computador achei esse texto que escrevi em 05/08/11, o percebi tão atual que resolvi publicá-lo aqui para abrir (quem sabe) nossa primeira discussão.


SINAIS

Revendo o filme “Ghost, O Outro Lado da Vida”, pensei, será que o Patrick Schwaze viveu o seu momento Ghost depois que morreu?? Surtei? Ou a curiosidade humana é tanta que insistimos em crer na vida após a morte!? Acreditamos para não morrer de fato? Mas, é estranho crer que não há mais nada além de nós e o universo, falando em universo, que outras formas de vida existem pelo universo a fora? E.T., Allien, Avatar???  Se nada disso existe, somos realmente muito criativos. Voltando à vida após a morte, se acreditar nisso já é bem complicado, imagina crer na reencarnação!? Essa então é mais difícil ainda. Todas as religiões (pelo menos as oficiais) remetem a Deus, a humanidade necessita crer que tem alguém fora do nosso plano que possa mudar tudo quando quiser ou achar que merecemos mudanças, tanto para o bem como para o mal, alguém que esteja acima do bem e do mal, imune aos nossos desejos, inquietações e defeitos.  E como punição pelos nossos malfeitos, reencarnamos para pagar essa conta, aí começa a confusão, porque o que é permitido hoje já não o foi algum dia, e vice-versa. Como será o processo de reencarnação? Morremos e reencarnamos em quanto tempo?? Dúvidas, indagações, incredibilidade, curiosidade ... são tantos diagnósticos, sentimentos e sensações. Chico Xavier, verdadeiro ou falso? Além da Vida, fato ou ilusão? Acabei de ter uma única certeza, sem os sinais de interrogações e exclamações não tem como discorrer sobre esse assunto, ainda cabe a reticência, dois pontos, aspas, parênteses e etcs.