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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Resistir e Perseverar, Sempre!

Pedindo licença ao chefe para usar esse espaço para mais uma reflexão minha. Ei, você aí leitor, acalme-se, não será uma página do ‘meu querido diário’, risos. #Sóquenão #Équaseisso.

Tanta coisa aconteceu nos últimos dias, tanto na minha como na vida de pessoas próximas a mim. E essa minha obsessiva mania de ver a vida como se estivesse assistindo a um filme, tem momentos que parece uma obra de Quentin Tarantino ou Spike Lee

Cronologicamente recebi duas notícias de grande impacto quase ao mesmo tempo, e ambas, em sua definição extrema de alegria e tristeza. Triste ter de me despedir de Vó Cecília. Alegria plena em me tornar uma das herdeiras de Candaces. Triste com a partida de Luana Muniz. Satisfação em saber que o filme ‘Lorna Washington – Sobrevivendo a Supostas Perdas’ foi selecionado para mais um festival, no MoDive-se em Campinas/SP. Doloroso ter de aceitar a volta às águas de Mãe Beata ti Yiemonjà. Gás novo com a inscrição do ‘Filha da Lua’ no Rio Festival G&S no Cinema. E tudo isso em meio à produção da Revista Prêmio Machine – Bastidores do Carnaval Carioca, que está sob minha total responsabilidade e me faz desejar que o dia tivesse 26 horas.

Pano rápido, mas com o mesmo cenário de fundo.

Meu amigo e diretor dos documentários que citei acima me indicou para assistir “Eu Não Sou Seu Negro” de James Baldwin e Raoul Peck, no youtube, a falta de tempo e o inglês ‘meia boca’ me impediu de passar do trailer. Porém, confesso que o trailer foi suficiente para os vários pontos de interrogação que eclodiram na minha cabeça: Por que nós, negros brasileiros, somos tão lentos em reivindicar, cobrar, lutar e conquistar??? E a resposta veio de imediato ao assistir o documentário “O Negro no Brasil” -  https://youtu.be/zJAj-wGtoko. E junto com a resposta veio também a solução: Persistir e não desistir. Não existe fórmula mágica, são 500 anos de intimidação e invisibilidade, são muitas ações a serem naturalizadas, ressignificações a serem percebidas por todos, independente da cor da pele.
E uma coisa vai ligando a outra, formando um amálgama. 

Não esqueça o cenário, continua o mesmo.

Uma entrevista no ‘Conversa com o Bial’ com Carol Conka, Alexandra Loras, Yasmin Thayná, Eliane Dias e MC Soffia (que causou um baffon com a célebre frase: “Eu não me inspiro, eu vejo!”), foi uma catarse. Alimentou ainda mais a minha percepção de luta e necessidade de Lugar de Fala para os negros, agora, numa linha reta até às mulheres negras desse país. Se você acha que se trata de mimimi, por favor, assista a entrevista e respeite minha opinião, essas mulheres me representam física, social e intelectualmente. Grata! https://youtu.be/oIC71I6TjGo

E o cenário ainda é o mesmo.

Desde que voltei a morar em Caxias, reclamo da ínfima divulgação cultural, no início cheguei a pensar que simplesmente não existia cultura na Baixada. Foi então que conheci o Fórum de Cultura da Baixada, e com ele descobri uma nova Baixada, riquíssima de conteúdo cultural. Entretanto, continua batendo na tecla “divulgação”. Andando pelo Centro de Caxias, resolvi ir visitar o Instituto Histórico que funciona na Câmara de Vereadores, e qual foi a minha surpresa ao saber que está rolando desde o dia 25 de maio a 3ª Edição do Festival Mate com Angu de Cinema Popular.

Um evento de grande proporção cultural para toda a Baixada Fluminense, necessário no combate ao preconceito social e ao apartheid geográfico promovidos por uma sociedade elitista e hipócrita e assegurado pela indiferença institucional. São mostras nacionais competitivas de curtas (o concurso Baixada 1 minuto, é PHOD..), lançamentos de longas, exibições em praças públicas, rodas de conversas, exposições fotográficas, shows etc., e tudo isso DE GRAÇA!

O Cineclube Mate com Angu existe há 15 anos. Junto com o Gomeia Galpão Criativo e Terreiro de Ideias, as parcerias do Lira de Ouro, Associação dos Amigos do Instituto Histórico e a Casa Fluminense, realizaram este festival de cinema popular. Ainda imbuída do espírito da entrevista do Bial, ontem fui como Candace e Bloguista1 (é isso mesmo, prefiro essa denominação, Bloguista) para o Galpão Gomeia e tive o prazer de assistir Casca de Baobá; Lua em Sagitário; Vênus – Filó, a Fadinha Lésbica; Arremate e Ralé (com presença da atriz Simone Spoladore), numa vibe de altíssimo astral. O festival vai até 31 de maio, e se quiser saber a programação acesse www.matecomangu.org/festival2017. Vale também assistir e votar os curtas do Baixada em 1 minuto, meus favoritos foram “É Longe ou Demora pra chegar?” - https://youtu.be/rFvtXJQJuXc?list=PLAhbhhbhNaDcqCN4ALUHF1e7Xaz91Xno5 e “Dois Lados” - https://youtu.be/d_Acq6Jnq0A?list=PLAhbhhbhNaDcqCN4ALUHF1e7Xaz91Xno5

Baixada, acooorrdddaaa!! Nós temos cultura pra dar, vender e até ensinar para o resto do país. Se liguem, se não prestigiamos a prata da casa... Quem vai?

Fecho as cortinas, o público aplaude, tiro o cenário, apago as luzes. Por hoje é só, querido diário! 😝😆😆😚

1 https://resenhasefolhetins.blogspot.com/2016/01/blogueira-ou-bloguista.html

Vejam o que captei no Galpão Gomeia, percebi que não conseguiria participar do concurso Baixada em 1 minuto, rs.  https://youtu.be/B-dSnp_G7XY